sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Por que esquecer Marie? - Fórum das Letras 2011

foto: Léo Alves

Parecia que não teria fim o constante sobe e desce de ladeiras. Mas o prazer em viver, participar e fotografar um dos eventos literários mais significativos do cenário mineiro superava o cansaço, que só se abateria quando chegasse em casa, quando as pernas clamassem por uma cama que lhe desse o conforto necessário. Antes, porém, de deitar sobre a cama, ria sozinho debaixo do chuveiro. Ria das minhas andanças e das alegrias que tive no Fórum das Letras 2011. Ria da minha sina e da minha mochila, dos meus papéis cheios de informações úteis inúteis que inundavam o fundo dos bolsos, molhados pela chuva ouropretana. Ria da minha estranha ilusão em acreditar que tudo não teria fim.

Para quem saiu do interior como eu, de uma cidade que não esbanja a cadência de sediar eventos sobre literatura, cinema e jornalismo, deparar-se com o Fórum é ter a oportunidade de matar a sede e preencher o vazio que o tempo deu ao meu cérebro durante a adolescência. Queria poder participar de tudo, comentar, conversar com os convidados, interagir, viver. Se consegui? Não sei. Muitas vezes prefiro ser um mero observador, daqueles que dizem pouco, mas que sentem, no fundo, a essência do evento latejando no coração. Daqueles que passam pela coxia com tamanha curiosidade, mas que não se arrisca em dar um passo fora do quadrado. Daquele que anotaria mil perguntas num caderno, mas que não teria a audácia de erguer a mão e fazer uma pergunta. O aparente “vazio” cultural da adolescência me faz pensar ser incapaz. Sou tão pequeno. Pra que falar? Pra que se abrir e se mostrar se aquilo que foi dito já preenchera uma lacuna de conhecimento? Confesso que poderia ir além, mas a timidez também é causa múltipla de uma série de constrangimentos pelos quais prefiro não passar. Engasgo, tropeço. Na encolha, porém, consigo escrever o que penso com mais liberdade. Digo. Respiro. Sossego. Coração fica aliviado.

Foi com coração aliviado e com carga de sentimentos que ia da fúria ao encantamento, foi com pouca leitura e muita televisão, com muita inspiração no avô escritor, na cidade pacata e quase cenográfica, na gama da dominar as palavras e os personagens de um reino que era só meu que escrevi o meu primeiro livro “A Herança – a incrível história de Marie”, transformado em longa-metragem desde 2009 e lançado em 2011. Tempo passa, escrita avança, ideias surgem...

Como fotógrafo assistente do Fórum das Letras, pude presenciar por fora e por dentro o evento. Ralei muito em alguns casos, principalmente naqueles em que dois eventos coincidiam. O que fazer? Dividir o tempo e as atenções. Fazer o trabalho.

Domingo. De um lado, no alto da ladeira, vizinho do Museu da Inconfidência, Aliança Francesa promovia o debate acerca do até então desconhecido livro “A revolução que não houve”, com Marc Boisson e Stefânia Assunção, de outro, baixo à ladeira, num auditório-porão, Ciclo Bravo! De Jornalismo, debate com Eliane Brum, Mona Dorf e João Gabriel de Lima com mediação de Rachel Bertol.

Mais interessado no segundo, fui cumprir as ordens de fotografar o primeiro, deixando o tempo restante dedicado ao segundo que eu supunha ser mais interessante. Chego à Praça Tiradentes cansado pela subida acelerada. Sigo para o anexo do museu, local ainda vazio. Sem qualquer interesse no assunto, somente na fotografia do evento, me ponho as fazer as fotos como de costume. Depois de alguns minutos o evento começa. Há uma apresentação prévia dos autores e do livro. Em meio ao barulho quase que incômodo da minha máquina fotográfica e às falas da representante da Aliança Francesa, que falava sobre a história do romance, parei, sentei, observei, ouvi. O livro ficcional traz a história de um estudante francês que vem estudar em Ouro Preto, em meio a descobertas sobre sua vida e sobre a própria história de Minas Gerais. Coincidentemente, “A Herança”, livro de minha autoria, traz a história de Marie, uma mulher que, depois de ter perdido a rica avó, também vem ao Brasil em busca de sua única herança, um palacete. É neste palacete que Marie redescobre sua vida e a verdadeira história de sua família em meio a mistérios e segredos que, aos poucos, vão sendo revelados.

Não consegui deixar de prestar atenção e tudo o que era dito pelos autores. Fiquei fascinado ainda mais pela forma como escreveram a obra. Juntos, puseram-se a escrever o livro através de troca de e-mails e muita pesquisa. Stefânia Assunção revelou que não conhecia o dialeto francês e declarou ter aprendido muito com toda a escrita, confessando que, hoje, já consegue conversar com digna fluência. E eu fiquei ali, ouvindo aqueles autores, lembrando das minhas construções de personagens e de tramas, da minha busca por representar Paris e a própria França sem errar nos detalhes. Não podia deixar de considerar a escrita de A Herança numa grande viagem à Europa.

Continuei participando da conversa, até que um sino tocou dentro da cabeça. Eu precisava comprar aquele livro, mas também precisava descer a ladeira e fotografar o Ciclo Bravo! Tive um “start”. Desci correndo a ladeira. Antes de correr ao “Ciclo Bravo!”, fui ao banco retirar dinheiro. O que havia na carteira não era suficiente para comprar um exemplar de “A Revolução que não houve”, que só seria vendido após o debate. Entre uma ladeira e outra, tive tempo de parar na Livraria do Fórum e presenciar aquele que foi um dos meus grandes registros fotográficos do evento. Pai, com tamanho entusiasmo e cheio de onomatopéias e expressões teatrais, lia para o filho algum dos livros infantis disponíveis na estante. Sentados, rente à porta, chamaram a minha intenção em meio ao meu corre-corre. Foto feita, dinheiro no bolso, pus-me a correr. Agora ao Ciclo Bravo, repleto de estudantes, professores e convidados. Fotografei o que era necessário e, mesmo querendo também estar ali, subi ladeira novamente rumo aos escritores que chamaram a minha atenção. Respiração ofegante, suei.

Comprei o livro, ganhei os autógrafos e consegui conversar com os escritores que, através da história do livro, me fizeram lembrar da minha primeira personagem publicada, do meu primeiro livro, da minha carreira iniciada. Pena que tudo tem um fim, inclusive as histórias e os eventos culturais, que nos fazem ser cada vez mais completos deixando um rastro de sentimento e de euforia por conquistas futuras.

Quem disse que o espetáculo está no palco? - Tudo é Jazz 2011

foto: Paula Peçanha

A chuva que caía sobre Ouro Preto naquele domingo pedia chocolate quente. E foi isso que fiz solitariamente, ali, próximo à Praça Tiradentes, onde, entre névoas, torres de igrejas, antenas e janelas coloniais, se concentrava o palco do Tudo é Jazz, festival de música que, em sua décima edição, homenageou o maestro Tom Jobim. Já aquecido, voltei à praça e abri o guarda-chuva. Weber Lopes iniciava sua apresentação, numa sonoridade que passeou pela praça, envolvendo quem quer que passasse pelo local. Olhei para os lados e percebi uma completa tristeza. A praça estava vazia e solitária. A minha solidão se encontrava à solidão da praça. Carros passavam, paravam e seguiam. Pessoas passavam, paravam e seguiam. Nem mesmo os pingos da chuva eram fixos. Pela geografia da cidade, os pingos, assim que caíam, encontravam o rastro de água que os carregavam ladeira abaixo, levando um pouco daquela solidão que me agonizava.

Pensei em voltar à Chocolateria, de onde poderia ouvir a boa música, assoprando o chocolate quente da caneca e embaçando as lentes dos meus óculos. Como o assopro sobre o chocolate, outro, muito maior, parecia ter invadido à praça, afastando os mais fracos. Aqueles que, quase sempre, são feitos de papel e açúcar. Desfazem-se. O assopro parecia ter derrubado o público, como peças de um brinquedo, num efeito dominó. Não posso deixar de me arriscar ao comparar e tecer comentários sobre o evento e, principalmente sobre o público, assim como fizeram os atendentes da Chocolateria, que, nos momentos vagos do serviço, elencavam possíveis “problemas” do show como se fossem exímios críticos culturais.

- Onde estão os moradores de Ouro Preto? – questionou o atendente com as colegas de serviço.

O sorriso discreto que os atendentes me faziam uma hora ou outra não escondia o tédio. No fundo, aqueles funcionários estavam enfadados de passar aquele domingo no trabalho, servindo quem quer que fosse naquela praça fria e vazia. Uma das atendentes, num momento de fuga, encostou-se junto à porta da loja, acendeu o cigarro e não pareceu se incomodar quando meus olhos a flagraram. A fumaça que saía de sua boca, se dispersava entre a névoa, o vento e a água.

Aquela solidão me angustiava, mas não posso desconsiderar os poucos personagens que haviam na praça, agasalhados e protegidos por seus guarda-chuvas. A trilha sonora, é claro, vinha do palco, do som de Lopes, enamorado com seu violão. Mas nada chamou tanto a atenção, quanto o público minguado e ensopado do festival. Havia poucos, mas havia muito. Muito do que reparar e contar. Muito do que rir e entender. Aquelas cinco ou seis pessoas presentes na praça não se fizeram invisíveis. Eram, por si só e pela força da presença, os personagens principais daquele espetáculo.

E os meus olhos não se perderam, como sempre se perdem em meio a multidões. A platéia não era uma coisa única, indivisível, massificada como ilusoriamente podemos pensar das outras que lotaram os shows do Rock in Rio. Ali, na praça, pude sentir de perto cada um em suas especificidades. Os personagens do público puderam me oferecer características suficientes para entender o evento e a dinâmica daquele dia.

No meio da multidão, pessoas são apenas números. Mas, naquela tarde, pessoas me lembravam personagens emblemáticos do Jazz. Este “individualismo” aparente, percebido entre o público daquela tarde, inclusive em mim, em meus pensamentos e minhas análises, é, pois, reflexo do nascimento do Jazz, considerada arte de solistas.

Entre as cinco ou seis pessoas (este número oscilava) que assistiam ao show de Weber Lopes de pé, sob a chuva, um senhor de características peculiares chamou a minha atenção. Usava uma bota reforçada, uma calça e um casaco. Na cabeça um boné virado para trás e na pele o atributo que trouxe à tona recordações de Buddy Bolden, o primeiro músico lembrado por tocar Jazz, e do próprio Jazz como ousadia e fuga: a cor da pele. O senhor, negro, ainda tinha, em mãos, um grande guarda-chuva que, entre um tom ou outro, fazia questão de sacudir e balançar, girando de um lado para o outro, fazendo um gingado com os pés e as mãos, movimentando o corpo inteiro. Sorri sozinho vendo aquela figura que me fazia recordar a dança da chuva. Cheguei a pensar que estivesse completamente embriagado, como o próprio Bolden que exagerava na bebida, mas sua alegria e, principalmente o seu equilíbrio, não deixavam dúvidas que talvez só estivesse contagiado pela música instrumental. Ele foi além dos pés tímidos dos demais convidados, que os movimentavam monotonamente e discretamente para cima e para baixo. Aquele senhor não era nada discreto.

Entre um minuto ou outro andei pela praça, observando o espetáculo em outros ângulos. Próximo ao emblemático senhor, um jovem, de chapéu de palha, olhava atento para palco, debaixo de uma sobrinha floral. Um casal de japonês passou por mim e pediu que os fotografasse. O fiz sob agradecimentos. Partiram.

Mas aquele negro senhor ainda continuava sendo a figura insubstituível. Me fez lembrar da resistência dos negros e do Jazz que surgiu e cresceu nos bares clandestinos dos Estados Unidos quando na época da Lei Seca e das outras tantas histórias e personagens do Jazz.

Num relapso, me perdi do senhor. Para onde ele havia ido? Aproximei-me à uma das ladeiras, próximo à um barzinho onde mais cinco ou seis pessoas assistiam ao Domingão do Faustão. Olhei para baixo e ele estava lá, descendo cuidadosamente, quer seja por uma possível embriaguês, quer seja pelo exímio conhecimento das escorregadias calçadas ouropretanas. Seguia seu rumo, o seu caminho.

Personagens como ele, independentemente se alcoolizados ou não, me fazem acreditar na força da música e na força do corpo e da mente. Aquele senhor era o reflexo da liberdade de expressão e chamou a atenção pela ousadia da travessura que fazia naquela praça. Também lembrava uma criança, brincando consigo mesma naquele picadeiro popular, ao ar livre. Ele, sim, foi o espetáculo, ele sim, compreendeu e viveu a música daquela tarde, ele sim, não era feito de papel e açúcar, mas de alegria e entusiasmo. Ele sim, na sua individualidade, fez valer a pena o público do festival.

O show de Weber Lopes terminou sob os aplausos minguados daqueles que ainda resistiam de pé na Praça Tiradentes.

sábado, 23 de julho de 2011

A BOTA E O PIRU DO PADRE

Muqui, sempre me surpreendendo...

Eu, que sempre fico no Portal ASD a curtir os comentários bem humorados de Aguinaldo Silva quanto às suas viagens, encontros e acontecimentos, acabei apanhando um pouco deste estilo sarcástico e polêmico. Ora veja, minha gente, que estou numa fase tão “pra frente” que faço comédia da minha própria cidade. O problema é que, ainda sim, muita gente confunde comédia com respeito. Tenho toda e maior admiração por Muqui, mas não há como não falar de alguns de seus estranhos detalhes com bom humor e indagação.

Comecemos pelo monumento central da cidade: O Pirú do Padre. O nome “Muqui” é indígena e a cidade é muito conservadora, leia-se “fiel”. A Igreja Católica é ainda quem “domina o centro das atenções”. A Igreja Matriz da cidade localiza-se no centro do município, no alto de uma rua elevada. É uma rua mega estreita, que se espreme de carros porque, até os recém “ricos” fazem “questã” de subir e mostrar seu veículo. Dou risada, como sempre. Ainda não sei se definiria parte da população na Idade Média ou Período Colonial. Mas fiquemos com o segundo, já que o catolicismo e o “indígena” são as bolas da vez.

O Piru do Padre fica exatamente na entrada desta rua estreita. É um monumento feito de concreto, de aproximadamente 4 metros, elevado, ereto e chamativo. Ele fica próximo à um coreto antigo da cidade e é um dos charmes do muquiense, embora, agora, esteja um pouco esquecido.

Agora, o surgimento do jornal amador “A Bota” me surpreendeu ainda mais. Na madrugada muquiense um jornalsinho, feito por computador e impresso em impressora comum caseira, foi espalhado aos quatro cantos da cidade. Nele, piadas e comentários sobre os governantes da cidade e todos aqueles que, de certa forma, vem chamando a atenção por, exatamente, não fazerem nada pelo bem da população.

Gostei. Não fiquei demonstrando muito a minha satisfação com o jornal, já que este ano já desabafei horrores quanto a questões do município no lançamento do livro em março (talvez isso pudesse levar em questão o meu envolvimento nesse tipo de publicação), mas eu ADOREI. E adorei mesmo. Fiquei orgulhoso em saber que ainda há pessoas capacitadas a criticar e falar dos acontecimentos da cidade com bom humor, exigindo mudança. Esta é a palavra. Mudança.

E, infelizmente, as pessoas aqui só vão entender este recado (o da mudança) se a gente, de certa forma, colocá-los numa saia justa de piadas quanto as imagens destas pessoas. È claro que eu jamais iria me expor desta maneira, fazendo um jornal desta forma. Quando critiquei a cultura na cidade e na região, o fiz no lançamento do meu livro no qual fiz questão (mesmo vendo meus pais gastar o que tinham e o que não tinham) de fazer algo grande e que chamasse atenção. O prefeito e as demais autoridades, incluindo o Secretário de Cultura do ES, chegaram no status de “convidado” e quando apanhei o microfone eles ficaram numa saia justíssima, digo calça, já que se tratam de marmanjos. Falei e falei até vê-los extremamente constrangidos.

E ainda tive que rir ao ver que alguns vereadores, ofendidos com a tal publicação da “Bota”, fizeram extensos pronunciamentos veiculados no alto falante da cidade. Já é difícil encontrá-los na câmara e, quando aparecem, vão ficar discutindo e se defendendo do indefensível? Não á o que justificar, não há o que questionar. Não se pode negar que este jornal, embora sarcástico ao extremo, herdado da ideia de um antigo jornal que era veiculado em Muqui com mesmo nome há décadas e que tinha o mesmo propósito, representa o desejo e uma visão de alguém que está insatisfeito com algumas posições municipais. Muita gente gostou, apoiou. Mas o anônimo não deixou seu endereço de e-mail para que nós pudéssemos aplaudi-lo virtualmente.

Como faço jornalismo e tenho um lado muito crítico quanto à algumas questões em Muqui adorei o modo como trabalharam as questões e criticaram as pessoas. Guardei um exemplar para mim e ele vai virar a minha monografia de final de curso. Só não dou detalhes porque, nesse mundo virtual a gente tem que guardar tudo em completo sigilo, ainda mais se tratando de trabalhos futuros.

O LANÇAMENTO DO LIVRO DE DONA ESTER

Queridos, tenho todo o respeito por Dona Ester, uma senhora muquiense residente em Vitória, que, no último final de semana lançou um livro em Muqui. Quem bancou a festa? A prefeitura e a secretaria de cultura do ES. Sim, as próprias. Pois elas fizeram questão de bancar uma festa para receber gente de fora. Pois é assim que considero Dona Ester. Uma mulher de fora. Já tem dinheiro, já tem uma vida consolidada. Por que gastar com um evento de gente de fora? Por que não promover eventos de valorização do que há dentro. Não há dentro? É claro que há! Promova, então, oficinas, concursos de poesia, música, teatro, roteiro. Tenho certeza que novas estrelas aparecerão. E foi o que aconteceu numa oficina “pobre” promovida por mim e meus amigos para estudantes de Ensino Médio na região. Quanta gente nova que tem talento e que só precisa de oportunidades...

Não posso deixar de fazer comparações. O clima do lançamento de Dona Ester não era o mesmo do meu. Queria fazer algo emocionante no meu evento. Homenageei meu avô, meu exemplo, minha inspiração que fez 85 anos na véspera. Fiz um bolo gigantesco e todos os convidados aplaudiram, de pé, este homem maravilhoso que ele é. Depois disso veio um debate, pois, queria mostrar os novos talentos, a nova cara que produz e que ninguém vê. E ainda teve o meu comentário ardiloso quanto às políticas estaduais e municipais de cultura. Depois de tudo recebi críticas e elogios maravilhosos. A coisa teve, de fato, emoção. A festa de dona Ester estava gelada. Quando entrei no Centro Cívico Municipal, parecia ter voltado ao século passado, pois as senhoras, prostadas diante de mesas fartamente servidas, se sentiam as mais joviais das joviais (nada contra, ok? Só um comentário). A música era pavorosa. Coisa retro demais. Toda a classe muquiense que vive do tal “nome” estava lá. Diferentemente do meu, onde havia gente da gente, gente humilde e gente cafona, mas que bota pra acontecer. Ou vocês acham que eu esqueceria dos meus amigos do meu “morrão” justo na hora de criticar algo que eles também reivindicam na cidade? Poupem-me.

Como se tratava de um livro de poesias, uma senhora leu alguns trechos do livro. E quando eu achava que a coisa estava triste demais, ficou pior ainda. Querendo animar a situação, a senhora disse:

- Vamos lá, agora vou precisar da ajuda de vocês.

Ela iniciou a leitura de uma poesia sobre o trem da cidade antigamente. E, em alguns trechos da poesia, ergueu a mão pedindo que os convidados cantassem uma frase da poesia que era:

- Piuí, piuí, piuí ...

Agora imaginem, meus caros, aquela gente toda feliz, animada, conservadora e literalmente “atrasada” cantando “piuí”. Foi a visão do inferno. Pareciam todos condenados à morte. E a senhora que recitava a poesia continuava como se todos ainda estivessem num gás absoluto. Ri demais. Olhei para minha mãe, que havia me acompanhado e, juntos, caímos na gargalhada. Comprei meu livro, pedi o autógrafo e sumi daquele lugar. Pena, que o valor que as autoridades dão à Muqui ainda me cheira atraso. Se algo, de fato, não mudar estaremos fadados ao fracasso. Eu jamais farei festa parecida com a primeira do meu livro, mas não perderei outras oportunidades de vomitar esses sentimentos na mesa dos meus próximos convidados.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Entrevista com Aguinaldo Silva

Depois de uma viagem cheia de surpresas e suspense, eu e Laís, minha dupla num trabalho acadêmico, chegamos à Barra da Tijuca exaustos. Além do cansaço, havia o nersovismo. Faríamos uma entrevista com Aguinaldo Silva, escritor de novelas consagradas da Tv Globo. É Aguinaldo que assina a próxima novela das 9: Fina Estampa. Pois é queridos. Aguinaldo Silva. Como não ficar nervosos diante de um dos mestres da teledramaturgia brasileira?
Embora o cansaço e o nervosismo conseguimos fazer uma ótima entrevista. Denis (Professor da disciplina de "Técnicas de Reportagem e Entrevista") pediu que fizéssemos uma entrevista com alguém que fosse quase impossível. Mas Aguinaldo revelou ser um profisisonal super acessível e popular. Nos recebeu com muito humor e nos deixou a vontade para bater um papo super agradável.
Obrigado Aguinaldo!
Créditos das fotos: Francisco Patrício.


Abaixo, os melhores momentos da entrevista:




Seria cômico se não fosse trágico

Sonho, morte, viagem, Rio de Janeiro...
Eu tive um sonho estranho na noite do sábado, dia 11 de junho. Eu estava numa rodovia escura, era noite. Pessoas mortas eram cobertas por panos brancos e outras, fraturadas, a beira da morte gritavam histericamente. Não havia sujeito, somente o verbo. Processar. Elas diziam que iriam processar, processar, processar.
Acordei atordoado no domingo. Eu tinha uma viagem marcada para segunda-feira. Horário: 23:57. Eu partiria de Belo Horizonte para o Rio junto com Laís, uma colega da classe, para fazer um trabalho acadêmico. Uma entrevista com o autor de novelas Aguinaldo Silva. Como as passagens aéreas estavam com preços altíssimos e a nossa condição financeira estava péssima, principalmente porque aquela viagem não estava nos nossos planos (era, literalmente, uma aventura jornalística), tivemos de optar por chegar ao Rio em transporte terrestre. Minha mãe sabia da viagem, mas não havia esboçado nenhuma preocupação, diferentemente dos pais de Laís, que, desde o princípio estavam meio receosos pela viagem. Ir ao Rio tão repentinamente? Apenas para uma entrevista? Isto é tão necessário?
Eu e Laís tínhamos plena convicção de que aquela viagem-aventura, não era necessária. Mas imaginem estar cara a cara com o autor da próxima novela do horário nobre da Globo? Seria um sonho poder fazer uma entrevista desta grandiosidade ainda na faculdade. Uma experiência para a vida toda. E coloca experiência nisso!Antes de sair de Belo Horizonte para o Rio não tínhamos idéia de como aquela viagem seria tão longa e histórica. Foi uma viagem que eu guardarei durante a vida toda por vários motivos. A morte nunca me pareceu tão próxima.
Sempre tive medo da morte. Tenho sonhos estranhos quanto a isso. Quando criança pus na cabeça que morreria em 2007. Não havia motivo claro. Eu morreria em 2007 e ponto. E ai de quem dissesse que não. Só quando o tal ano passou é que eu entendi que aquilo era mesmo um delírio, um devaneio. Mas o medo da morte continua. Vez em quando penso nisso, sonho com isso. A morte é um tema recorrente nas minhas escritas, foi tema no meu livro e continuará permeando os meus pensamentos até morrer.
Belo Horizonte, 23:40. Demoro a acreditar que o automóvel no qual embarcaríamos seria, de fato, aquela peça de museu que se aproximava de mim. Junto ao ônibus várias pessoas já pareciam eufóricas para embarcar. Muitos idosos, pessoas humildes e até crianças de colo. Achei que o ônibus tivesse aquela aparência apenas exteriormente, mas, ao entrar percebi que a situação era ainda pior. Não havia sinto de segurança, muitas das poltronas estavam quebradas e nem ar condicionado havia. Diante de todas essas circunstâncias lembrei do pesadelo da madrugada de sábado para domingo. Aquele ônibus não aparentava ter nenhuma saída de emergência.
Enquanto os passageiros se acomodavam em suas poltronas bambas eu ouvia o burburinho de insatisfação. O meu pesadelo começou a fazer sentido demais quando alguns comentaram sobre processo. As insatisfações foram ganhando tanta força que chegaram aos ouvidos do motorista que comentou sobre ônibus. Disse que as pessoas deveriam se unir, denunciar e processar, pois a culpa não era dele, mas sim, da empresa. Também desabafou sobre sua situação, pois também já não aguenta ter que dirigir um ônibus naquela situação. Zacarias (o motorista) se tornou, praticamente, nosso amigo. Enquanto as pessoas continuavam a demonstrar a insatisfação através de comentários baixinhos eu resolvi compartilhar com Laís aquele pesadelo que estava quase me matando antes da hora.
Desabafei.
Laís ficou assustada e ordenou: vamos rezar. E foi o que fizemos até o dramin fazer efeito. Para o meu desespero apagamos. Desespero sim. É claro que morrer dormindo seria um sonho, mas eu queria ver com os meus próprios olhos o pesadelo fazendo sentido total. Eu estava convencido de que algo aconteceria na viagem, algo que afetasse direta ou indiretamente todas aquelas pessoas presentes no ônibus. E foi o que aconteceu.
Para a minha felicidade ou infelicidade acordei às duas da matina com um frio fora do comum. Ônibus que não tem ar condicionado são ainda piores, no inverno ou no verão. Se frio, fica ainda mais frio, se quente fica ainda mais quente. As minhas pernas estavam tremendo feito bambu verde em dia de ventania. Nunca havia passado por uma situação parecida. Será que eu ia morrer de frio? Percebi que o ônibus estava aceleradíssimo. Me preocupei. Olhei do corredor para a frente do ônibus e o que vi foram nuvens. Pensei: Meu Deus. Morri! Estou no céu.
O fato é que o ônibus estava correndo numa pista em neblinas! Eu não estava enxergando absolutamente nada! Depois disso não consegui dormir. Olhei para os lados. Para meu desespero todos os passageiros pareciam estar num estágio de sono profundo. Alguns estavam cobertos por lençóis e mantas de frio. Lembrei mais uma vez do pesadelo.Pensei: resta apenas o motorista dormir no volante para que a desgraça toda aconteça!
- Vai devagar motorista! – uma voz surgiu lá do fundo. Suspirei aliviado. Eu não estava sozinho.
Minha vontade era pedir que o motorista parasse aquele ônibus. Não estava agüentando ver aquela estrada em neblinas e supor que o motorista estava se guiando pelo nada! Depois que a gente tira a carteira de motorista a gente passa a perceber com mais rigor os perigos do trânsito. Estava claro que acelerar naquela situação era um risco. O frio continuava intenso. Juro que minhas pernas não paravam de tremer. Isso nunca tinha acontecido antes!
Rezei mais uma vez. Ave Maria, Pai Nosso, Ave Maria, Pai Nosso...
Lembrei dos pais de Lais, receosos com a viagem, lembrei do pesadelo, lembrava da minha vida... Um filme se passava na minha cabeça...
Quando dei por mim estávamos em Juiz de Fora. O ônibus faria uma parada para lanche e banheiro. Comprei chocolate quente e tentei me aquecer ao máximo. Já havia rezado o bastante, tentaria, dali em diante, descansar um pouco e esquecer aquele pesadelo que estava me deixando louco. Chegaria ao Rio com olheiras terríveis.
Senti que o ônibus retomava a viagem. Olhei no relógio. Quase três horas da madrugada, ainda. Tentei dormir. Eu sentia o sono chegar. Estava quase...
Acordei assustado com gritos de uma mulher desesperada que estava sentada a nossa frente. Um senhor, ao seu lado estava tendo um infarto!
- Pare este ônibus pelo amor de Deus! Pare! – a mulher gritava. – Me ajudem aqui gente! O homem está morrendo!
O ônibus ficou em estado de alerta. Eu não sabia o que fazer, Laís começou a abanar o velho, como dezenas de outras pessoas, uma auxiliar de enfermagem tentou reanimar o velho com alguns movimentos no corpo, o motorista procurava sua ficha para que alguém ligasse para a família e outros tentavam comunicação com a emergência. Enquanto isso o velho estava sem voz, duro, com a língua pro lado de fora. Suava e gemia como nunca havia presenciado em alguém. Fiquei com tanta pena. Fiquei com tanto medo. Sequer o conhecia, mas sentia nele algo familiar. Por ser idoso lembrava meus avós e eu tenho muita admiração pelos vovôs e vovós. Eu tenho um avô que é exemplo para mim. Foi agricultor, é escritor, poeta e artesão. Suas histórias de vida me encantam, me fortalecem, me inspiram. Aquele velhinho a beira da morte me lembrava outros tantos senhores que, consigo, guardam boas histórias de vida, família, netos, bisnetos...
Por um instante o senhor parou de gemer. Disseram que o pulso dele havia parado. As pessoas se desesperaram. Eu só conseguia orar. O velho voltara a gemer, e o coração parecia ter voltado a bater. Esse vai e vém da vida, esse vai e vém de emoções aconteceu pelo menos umas três vezes aumentando a angustia de todos os passageiros e, principalmente do senhor. Ronaldo Luís, era o seu nome, tinha 68 anos de idade, mas a aparência era de 80. Estava desacompanhado e não tinha nenhum remédio de emergência em seus guardados. Seus documentos revelavam um Sargento da Aeronáutica aposentado que partia para o Rio para um exame médico.
Depois de seguidas paradas cardíacas, Ronaldo se foi de uma forma trágica e bizarra naquela madrugada de terça feira. Ttenho certeza que o frio havia contribuído para sua morte e o ônibus, por não oferecer nenhuma espécie de segurança e conforto, também.
Eu ainda estava perplexo por ter presenciado aquela morte. Nunca tinha visto alguém morrer daquela forma e tão próximo de mim. Senti-me mais próximo ainda da morte e percebi que ela não é um bicho papão que ronda a noite com suas garras. É sutil e chega despercebida. Senti-me frágil, vulnerável a qualquer tipo de perda. Senti que a morte é tudo e, ao mesmo tempo, não é nada. Era estranho ver o senhor morto e saber que minutos antes ainda estava respirando, vivendo. Como era curiosa aquela sensação de onipresença. Será que a alma do velho agora estaria entre nós? Como se dava a passagem que muitos diziam acontecer? Aquela mudança súbita de vivo para morto me deixou tão pensativo que era impossível mover-me. Os passageiros, incomodados com o cheiro do, agora, defunto, saíram do ônibus conversando sobre o ocorrido. E eu fiquei lá, tentando, sem sucesso, entender a morte.Lembrei do pesadelo. Um presságio indireto que anunciava aquela morte dois dias antes de tudo acontecer. Nunca havia tido essa espécie de premonição.
Pela composição humana daquele ônibus (havia gente de todo o tipo), o que até então parecia tragédia, se transformou numa grande fonte de inspiração para um teatro de comédia. Enquanto umas mulheres checavam os bolsos do senhor para encontrar documentos e outras informações úteis sobre o Ronaldo, encontraram, até, a dentadura do falecido.
- Nesse bolso eu já vi. É a dentadura dele. – advertiu uma.
- Há dinheiro em sua carteira? – perguntou outra curiosa.
- Sim. – respondeu outra mulher.
Quanto?
- 10 reais.
- 10 reais? Um sargento da aeronáutica? Com 10 reais? – desconfiou.
- Estão me chamando de ladra? Podem conferir na minha bolsa! – se revoltou.
Outras senhoras, também de idade, lamentavam o ocorrido.
- Ah... é tão triste uma morte assim... Quando meu filho morreu foi um baque!
- Meu celular! Que droga! Está sem sinal!
- Gente! Pelo amor de Deus! Não podemos ficar parados aqui por muito tempo. Se surgirem ladrões aqui estamos ferrados!
- Pensar coisa negativa atrai. – eu mesmo disse.
- Não é questão de pensar negativo meu filho. É que eu estou aqui com as minhas coisas todas, se eu for roubada quem vai prestar contas? Hein?
- Então a senhora quer que a gente chegue no Rio com o defunto no ônibus? – outra perguntou.
Havia uma mulher que se dizia advogada que queria registrar todas as queixas. Posava a dondoca.
- Se a família do Ronaldo entrar com um processo contra a empresa ganha uma baba! É unir o útil ao agradável...
A tal advogada, que depois afirmou morar na Barra da Tijuca, ia pra capital carioca de ônibus? Algo aparentava estar estranho demais.
A empresa de ônibus que nos transportava era uma tal de “Cometa”.
Eu mesmo, ainda no ônibus fiz o slogan:
Jamais COMETA este erro. Cometa? Nunca mais!
Estou na campanha para propalar a falta de responsabilidade de seus gestores que colocam veículos para circular sem nenhum conforto e segurança. Todos, independentemente de raça, cor, sexo, faixa etária e status social merecem o mínimo de respeito. Sim, respeito. Pois ignorar a segurança de idosos, crianças, adultos e adolescentes é uma tremenda falta de respeito à vida.
Mas imaginem ficar esperando a emergência durante horas dentro de um ônibus cheio de gente e com um morto do seu lado?
Até agora não sei o desfecho total da situação. Um ônibus de uma outra empresa parou para perguntar o que havia acontecido e disse estar com 9 vagas disponíveis. Os passageiros ficaram histéricos. Todos queriam se transportar para o outro ônibus e, pior, ao mesmo tempo. Imaginam? Aquela gentalha toda correndo e pegando suas bagagens num corredor apertadíssimo! Eu e Laís conseguimos entrar no outro busão, muito mais confortável e seguro.
O dia amanheceu rapidamente e eu havia entendido, de fato o sentido daquele sonho.
Acredito em Deus, e tenho certeza que foi ele quem mudou o rumo daquela história. Se o motorista continuasse a dirigir naquela neblina, fatalmente aconteceria algo de ruim, atingindo todas aquelas pessoas do ônibus (idosos e até crianças – o veículo estava lotado) que estavam sem o mínimo de segurança. Seria uma tragédia. A minha interpretação foi a seguinte: Deus pareceu ter levado a vida de um para não levar a vida de muitos ou de todos. A morte do velhinho acabou atrasando em demasia a viagem possibilitando que a neblina talvez diminuísse, que o dia amanhecesse e que fôssemos transportados por outro veículo.
...
Chegamos ao Rio exaustos para a entrevista com Aguinaldo. Mas conseguimos vencer o cansaço e, também, o nervosismo. Já imaginaram? Estávamos prestes a fazer uma super entrevista com o Mestre da próxima novela das 9 da Tv Globo. Era um sonho para qualquer aspirante a jornalista/escritor. Aguinaldo é e sempre será referência na área teledramaturgica e jornalística. Um exemplo de trajetória, um exemplo de vida.
Terminada a entrevista, que aconteceu no final da tarde da terça, voltamos à Rodoviária do Rio para retornarmos às nossas casas. Descobri, no meio da viagem, que precisaria ir para o ES e não mais voltar para BH. Estávamos um bagaço, mas, ainda sim, conseguimos comemorar tomando um chopp, afinal, estávamos vivos e havíamos feito um super trabalho acadêmico para a disciplina de “Técnicas de reportagem e entrevista”. Não resisti e, ainda na rodoviária, comprei uma cueca nova e tomei um banho à R$ 5,00 reais (Viva a Rodoviária do Rio – pois a de Vitória é um Caos!). Foi o melhor banho da minha vida! Entrei renovado no ônibus Golden da Itepemirim que seguia para Vitória, com ar condicionado, segurança e conforto. Apaguei já na ponte Rio-Niterói. Acordei já em Vitória, às 6 da manhã com uma chuvinha fina e fria.
Para completar tomei um tombo a caminho da UFES (para onde eu ia apresentar uns documentos). Ralei o braço e machuquei o dedo. Fui a um hospital próximo e lavei a mão, estava cheia de sangue. Enfaixei com algumas folhas de papel toalha. Feito o compromisso na capital capixaba, segui pra minha querida Muqui.
E vocês pensam que acabou? Que naaada!
Cheguei na quarta em Muqui. Na sexta tive que ir a Cachoeiro de Itapemirim (uma cidade próxima), para comprar umas coisas de um projeto no qual fui selecionado através de edital aqui no ES. Eu estava a dirigir o carro da minha mãe quando, de repente, um carro na maior velocidade me ultrapassa e bate na parte frontal do veículo que eu dirigia. Tomei um susto. Pedi à Mariana (minha namorada que me acompanhava) que pegasse uma caneta e um papel para anotar a placa, pois o vagabundo nem havia parado para dar satisfações. Acelerei o carro rumo ao outro que seguia na frente mantendo a velocidade acelerada. Percebi que havia algo de errado. Aquele carro estava fugindo de alguém além de mim. Pedi à Mariana que ligasse para a polícia. Foi o que ela fez sem sucesso. Não estava dando para fazer ligações.
Eis que passa por mim um carro da polícia militar. Lá na frente, próximo ao carro desgovernado surgiu uma outra viatura que vinha do sentido Cachoeiro x Muqui. Essas viaturas fecharam o veículo o obrigando a parar. Os policiais saíram do carro com armas apontadas. Um sujeito saiu do carro sendo pego pelos policiais enquanto outro fugia por uma mata próxima à pista. Outras 2 viaturas apareceram. Fiquei impressionadíssimo. Parecia estar vendo um filme de ação. Parei meu carro próximo ao acontecido e expliquei para um dos policiais a minha situação. Para minha sorte o estrago no carro de mamãe não foi muito grande. Alívio.
Quando cheguei em casa ainda tive uma discussão com meu pai. Ele havia combinado que eu chegasse num horário, mas diante das circunstâncias, atrasei. Ele nem quis saber de explicações e se dirigia a mim com toda ignorância do mundo. A nossa relação, definitivamente, não é das melhores e eu terei que tolerar isto até a morte. Ainda bem que ela, a morte, parece agora ter esquecido de mim.

Claro Curtas, o tempo do agora

Abaixo, confiram o curta metragem que produzi para inscrição no Festival "Claro Curtas", que tem como tema: "O tempo do agora".


terça-feira, 3 de maio de 2011

Vamos subir a serra?

Eu estava louco para poder vasculhar, de perto, outros tantos lugares escondidos entre os arvoredos da serra capixaba. Aproveitei o feriado de Tiradentes (21/abril) e pus no carro: Mãe e amigos para subir a serra comigo e conhecer, de perto, os sítios, fazendas, parques e hotéis da região serrana do Espírito Santo. Eu ainda não tinha ido até Domingos Martins na direção, mas a viagem pareceu tranquila e agradável. Já na saída de Castelo (ES) é possível sentir o clima diferenciado. É na chegada de Venda Nova do Imigrante (ES) que nos deparamos com paisagens que já anunciam a predominância naquelas cidades próximas. Algumas cidades da serra capixaba trazem influências culturais dos europeus o que favorece a identificação com os países estrangeiros.


Foi um dia inesquecível porque pude conhecer com liberdade os lugarejos da serra, passar pelo parque da Pedra Azul, almoçar ao som da chuva, depois comer morango como sobremesa, visitar sítios e fazendas, conhecer histórias de pessoas comuns, me encantar com móveis de uma loja de artigos luxuosos, fotografar galinhas, coelhos e paisagens e sentir que o Espírito Santo esconde muitas histórias e lugares maravilhosos que precisam ser conhecidas e reconhecidas pelos próprios capixabas.